quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

The Herbaliser - Song For Mary - Véspera do Fim do Mundo

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20 12 2012
A Véspera do Fim do Mundo

Era meia-noite e a lua estava grávida.
Isso é que interessava porque o resto... a monotonia das palavras ocas como ecos gritados do alto de montanhas sós... não tinha interesse nenhum.
Numa noite que pode até ser a última, não consigo libertar-me, de tanto que me prendi, de tanto que me escondi.
Cobri-me de manto escuro, tão discreto, tão discreto, que ninguém me pode ver, tal a vergonha consentida sem pudor, sem amor próprio, sem pingos de orgulho... só lagos feitos de fracas lágrimas.
E se me olham, no meio da insegurança que me subjuga, tremo.
Não me olhem!
Se pudesse fugir, fugia. Embora saiba que a cobardia não é uma porta e sim um corredor sem fim nem fins previstos. De dentro da minha cobardia espreito, e todos os que assistem sentem o meu medo e se amedrontam, por isso peço...
Não me olhem!
Nos defeitos encontrados em meus actos me desculpo e encontro forças para não querer agir. Sei o fim da história, pouco surpreendente e repetitiva até á exaustão. A minha exaustão por não dominar o que me aperta e me conduz nas voltas revoltas que compõem a minha vida sem sentido.
Os olhares reprovadores de quem me julga, que sinto como agulhas silenciosas, sedentas da minha agonia, multiplicam-se.
Mais uma vez... não me olhem!
Miro uma última vez a lua grávida, minha confidente, e aprecio a sua felicidade branca, imensa e brilhante. Silenciosa.
Escapa-se-me um sorriso, e admito em voz alta:
- Tornei-me anti-social.

Paula AbrEu
Em 20/12/2012
2012012 - Data única e irrepetível, em que a também única frase deste som "And You got to let me go" me soou como um lema.


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