quinta-feira, 21 de março de 2013

The Happy Mess - "Morning Sun" (acompanham a minha 'Sinceridade'

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Sinceridade


Deste-me a mão e entramos na sala. Era ampla e a música suave, enchia-a. Vários pares rodopiavam com mestria ao sabor dos sons  e as mulheres eram todas belas. Gostei da forma como os teus olhos me escolhiam a mim.
Eles esbeltos e discretos e elas todas de branco. Eu de vermelho mas sem sentir aquela vontade de me disfarçar de ninguém. Gosto de vermelho. Ilumina-me.
Deixei escapar um sorriso e fiz de conta que passei a mão ao de leve nas tuas costas, sem querer. Mas não foi sem querer. Fechei os olhos para sentir a energia do teu arrepio e quando te olhei                            - És linda
Eu sei que não é verdade porque os teus olhos além de me darem verde também são espelhos e eu vejo-me neles. Percebi que não vias apenas o meu rosto mas também a minha serenidade, essa sim, linda.
- Danças?
Nem sequer sei dançar mas quando dei por mim já me movia harmoniosamente pela sala, como se tivesse acabado de renascer e me tivesse tornado surpreendente até para mim.
O teu verde envolvia-me e apreciei cada desejo que senti de te beijar. Desejos são como achas em fogueiras. Ardentes. Alimentam e também podem destruir. É exactamente essa dualidade que fascina. 
Deixei-me conduzir nesse bailado estonteante, ofuscada pelo verde cada vez mais intenso e pelo mel doce da tua voz que só me sussurrava o que eu gostava de ouvir.
- Dá-me o teu amor... 
E eu pensei que se tivesses a coragem de gritar o meu nome bem alto no meio da multidão, equanto maior ela fosse mais alto gritavas, como um louco… Louco? Sim, louco e capaz de o ser, sem dúvidas nem pudores. Pensei que eu, perto, tão perto que podias sentir a minha comoção a cada sílaba gritada, aguardava que o meu coração se abrisse. Pensei em todos os amores que se mentem, em todos os sentimentos esquecidos e nos desamores também pensei, enquanto esperava que gritasses o meu ser aos quatro ventos, mas tu apenas
- Dá-me...
Sim eu dar-te-ia, penso que sim, mas o teu silêncio povoado de pequenos sussurros, protege-me e delicia-me ao mesmo tempo. Diverte-me e faz-me sentir tentada a promessas vãs que não tenciono cumprir.
Foi por isso que tremi quando te vi subir ao pequeno palco. Que fiquei para ali perdida, uma mancha vermelha no meio das imaculadas, tão brancas, e eu cheia de pecados tão vermelhos como o meu longo vestido, tão quentes como o desejo que tenho de ti. Sem querer acreditar que o meu nome pudesse soar tão alto como o gritavas e que mais uma vez, sem palavras tinhas vindo até mim, provar-me que não há distâncias entre nós. Não há diferenças.
Tu gritaste, e eu para ti, sem falsas promessas, sem pedidos... amo-te. Hoje. 
Paula AbrEu
em Março de 2013

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